Fotos: Lorenzoni (ALRS/Divulgação/JC) e Pimenta ( Vitória Sarturi/Diário)
Tanto os apoiadores quanto adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dizem que não há surpresa sobre a prisão domiciliar determinada na última segunda-feira (4) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ainda que cada lado tenha uma percepção diferente. Em relação à medida, o deputado estadual Rodrigo Lorenzoni (Progressistas) e o deputado federal Paulo Pimenta (PT) se manifestaram nesta terça-feira (5), no programa Bom Dia Cidade, da rádio CDN (93,5).
Para Lorenzoni, há uma perseguição a Bolsonaro e ao campo político que ele representa. Já do outro lado, para Pimenta, o ex-presidente forçou uma prisão como forma de construir um vitimismo. Veja o que cada um falou.
Deputado estadual Rodrigo Lorenzoni (Progressistas), filho de um dos ex-ministros do governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (Progressistas)
"Recebemos isso com preocupação, mas não com surpresa, porque há, no Brasil, um processo liderado pelo ministro Alexandre de Moraes de perseguição a um campo político, que é o campo da direita e de perseguição ao seu maior líder, que é o presidente Jair Bolsonaro, que, aparentemente, já está condenado sem ter o julgamento. O Brasil precisa de paz, de equilíbrio e de reencontro da harmonia entre os poderes e da institucionalidade restabelecida. E, quando o ministro da Suprema Corte conduz um processo eivado de ilegalidades e decisões que não encontram respaldo na Constituição e que impõe um ato de restrição de liberdade ao presidente com a tornozeleira eletrônica – que já é algo absolutamente questionável, pois não há nenhuma condenação. E,depois, impõe a prisão domiciliar, coincidentemente, um dia após o Brasil ter sido tomado por brasileiros que estão preocupados com estas medidas autoritárias e também, horas após a denúncia do seu ex-auxiliar, do seu ex-assessor. O processo judicial está eivado de ilegalidades, inclusive com a possibilidade do ministro ter corrompido a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para produzir provas direcionadas contra os manifestantes do 8 de janeiro. Parece uma cortina de fumaça. A gente vai seguir lutando e defendendo o Estado Democrático de Direito, defendendo o devido processo legal. Infelizmente, não é isso que nós estamos vendo. Então, vamos seguir batalhando nas ruas, denunciando, demonstrando e suplicando que o Supremo Tribunal Federal possa se reconectar com o seu real papel, que é de guardião da Constituição e que interprete as leis para fazer justiça e não use das leis para fazer perseguição política".
Deputado federal Paulo Pimenta (PT)
"Não foi nenhuma surpresa, porque estou convencido de que o Bolsonaro queria ser preso. Bolsonaro forçou uma situação para ser preso, porque isso faz parte de uma estratégia de vitimização e de manter aquecida essa base mais radicalizada. Esse pessoal que ficou acampado na frente dos quartéis, que participou da mobilização do 8 de janeiro. Então, o Bolsonaro procura criar uma narrativa que ele não é o líder de uma organização criminosa que tentou dar um golpe no país, nem o líder do organização criminosa que fez um processo para desacreditar as urnas eletrônicas e o processo eleitoral. Para o bolsonarismo, era importante que ele fosse preso, porque isto consolida a estratégia da vitimização antes do julgamento. Bolsonaro sabe que as provas são robustas e que a probabilidade dele ser condenado no Supremo Tribunal Federal é muito grande. Além disso, era importante para eles que essa prisão ocorresse ontem, principalmente por quê estamos numa fase importante de retomada do diálogo com os Estados Unidos. Ontem, teve reunião do ministro Fernando Haddad e do Celso Amorim, e o Eduardo Bolsonaro tem dito claramente que há por parte deles, de forma deliberada, uma ação que tem por objetivo impedir a negociação com os Estados Unidos para o fim das tarifas possa dar certo. Tão logo foi decretada a prisão do Bolsonaro, o governo americano já se manifestou. Temos que aguardar e acompanhar, porque Bolsonaro não é um caso de política. Bolsonaro é um caso de polícia. Não tem que ser tratado nas páginas de política e, sim, da policial. Pelo Poder Judiciário, Ministério Público. Então, acho que nós temos que acompanhar se ele vai cumprir as novas medidas".
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